Uma estrangeira no mundo

"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

Quando foi que o Wellington se transformou em assassino?


Na imprensa, só se fala na tragédia numa escola no Rio de Janeiro, onde um atirador matou 12 alunos, feriu outros mais, e acabou morto. Divulgou-se trechos de sua carta de despedida, cheia de sinais de perturbação mental e fanatismo religioso; abriu-se os microfones para o depoimento de diversas crianças, que foram poupadas na tragédia. Psiquiatras, psicólogos, sociólogos, todos querem dar sua opinião.

Eu quero expressar meu olhar sob outro ângulo: quando o menino Wellington se transformou num frio assassino?

O menino da foto que estampa esse artigo é o Wellington. Um menino comum, como tantos outros meninos. Olhe bem para ele: bem poderia ser meu filho, seu filho, o filho do vizinho, o amiguinho dos nossos filhos. Antes de ser menino, foi um bebê lindo – pois todos os bebês são lindos, eu que o diga, que tenho um de dez meses. O bebê Wellington, adotado por uma família, com certeza tinha suas crises de choro, mas também esboçava sorrisos e enchia o ambiente de alegria enquanto tentava articular as primeiras palavras, ou dar os primeiros passos. O bebê Wellington pode ter gerado ciúmes nos irmãos mais velhos, como ocorre em qualquer família quando nasce um bebê, mas esses ciúmes não impediam seus irmãos de o acharem lindo e engraçadinho.

O bebê, com o passar do tempo, tornou-se um menininho como tantos outros, que ia à escola e era alvo de piadas de mau gosto, como é comum entre as crianças, mas que também tinha seus momentos lúdicos, de brincadeiras, de sonhos, de pequenas alegrias. Talvez sonhasse em se tornar bombeiro ou médico quando crescesse, e enquanto isso vestia esses personagens em suas brincadeiras com os amigos.

Enfim, quando o menino deu lugar ao assassino?

A Bíblia diz que o diabo vem para matar, roubar e destruir. Ele mata nossos sonhos de infância, rouba nossa inocência, destrói nosso futuro. Décadas atrás, com 12 anos se brincava de boneca e jogava bola na rua. Hoje, com 12 anos alguns já são até pais e mães, outros estão totalmente viciados em drogas e marginalizados. O diabo está agindo cada vez mais rápido.

E o que a Igreja tem feito em relação a isso?

Quase nada. Afinal, a prioridade de muitas denominações é aumentar as arrecadações de dízimos e ofertas para reformar o templo-sede e abrir novas filiais em locais onde já existem outras igrejas, aumentando a concorrência do mercado da fé e o salário de seus líderes. O cuidado com os órfãos e viúvas, com as crianças e os necessitados, é tido como um problema do Estado, não das igrejas.

E assim o diabo continua livre, leve e solto para transformar Wellingtons em assassinos. E isso tem sido fácil, tanto que as prisões estão super-lotadas.

Que Deus proteja nossas crianças, para que elas se tornem adultos saudáveis, já que essa tarefa a maioria das igrejas não quer tomar para si. Que nossas crianças, pelo cuidado e misericórdia do nosso Deus, se tornem adultos que ainda sejam como crianças, pois dessas é o Reino dos Céus.

5 comentários em “Quando foi que o Wellington se transformou em assassino?

  1. Antonio Cruz
    10/04/2011

    É difícil nessas horas observar a realidade por esse ângulo, mais fácil é ser solidário com as famílias das vitimas e compartilhar sua dor. No entanto, a grande realidade é que, como cristãos, não estamos usando da força que temos para neutralizar ações dessa natureza e infelizmente caminha-se anos divulgando uma boa ação como: uma cesta básica para uma familia necessitada, um botijão de gás trocado, ou quem sabe, encaminhar alguém para uma casa de recuperação. Para muitos, Já é o suficiente para sair do “purgatório” esquecendo-se de que, combater o mal pela pratica do amor não é uma opção da igreja, mas, sua razão de ser.

    Ou esse gigante adormecido chamado igreja desperta, ou estenda as mãos à palmatória para ações dignas realizadas por outras instituições menores.

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  2. SANDRA SOUSA
    10/04/2011

    OLÁ QUERIDA VERA.
    ABSOLUTAMENTE APROPRIADO SEU COMENTÁRIO. TRISTE REALIDADE. ORFÃOS E VIÚVAS. INVESTIMENTOS EM REFORMAS DE COISAS PAUPÁVEIS E EM TANTOS CASOS TANTO LUXO. QUE LIXO!!! TENHO TRABALHADO NA RIGIÃO DE STA CECÍLIA E FICO C/ CORAÇÃO ESTRAÇALHADO DE TRISTEZA TODA VEZ Q DEPARO C/ HUMANOS CRIANÇAS, ADOLESCENTES, ADULTOS EM SITUAÇÃO VERGONHOSAMENTE HUMILHANTE. ONDE ESTÁ A IGREJA DE ATOS? TEM UM RAPAZINHO Q ESTOU TENTANDO ENCAMINHA-LO Á UM ABRIGO-CLÍNICA DE UM PASTOR CONHECIDO, HOMEM IDÔNEO. TAREFA MUUUITO DIFÍCIL, SERIA PRECISO PARAR, PEGAR NA MÃO E LEVAR. AS DROGAS SÃO ARTEFATOS LUCIFERIANOS, OS ENVOLVE DRÁSTICAMENTE. AUTORIDADES Q DEVERIAM ATUAR COM SOBRIEDADE E RESPONSABILIDADE TB USAM AS MALDITAS DROGAS. DECADÊNCIA VERTIGINOSA. O Q PODEMOS FAZER AMIGA? ESTOU PRESTES A CONSEGUIR UM EMPREGO NUM ABRIGO. PENSO Q DEUS ESTÁ ME PREPARANDO P/ ATUAR COM CONSISTÊNCIA NESTA ÁREA. MUDANDO DE ASSUNTO, MAS DENTRO DO CONTÊXTO VIDA EXEMPLAR, ESCOLHAS SAUDÁVEIS, VC RECEBEU O E-MAIL Q ENVIEI DO TEXTO DE LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO SOBRE O BIG ENGODO BRASIL?, VULGO BBB. POIS É, TANTOS HUMANOS TEM SEU PRECIOSO TEMPO , PRESENTE DE DEUS, ROUBADO DESCARADAMENTE POR ESSE TIPO DE “ENTRETENIMENTO” DO INFERNO. PAIS MERGULHAM NESSE LIXO E FILHOS INOCENTES PERDEM A INOCÊNCIA E SE ESFREGAM NESSA CARNIÇA JUNTOS OU NOUTROS LUGARES PQ APPRENDERAM EM CASA Q ISTO É DIVERTIDO.TRISTE, DEPRIMENTE, LAMENTÁVEL, DECADENTE. ESCOLHAS!!! RESULTADOS!!! OBRIGADA POR ESTE TEXTO, FOI EXCELENTE PRA MIM VER EXATAMENTE DESTA FORMA. NECESSITO SUGAR A SABEDORIA DE DEUS PRA SER DECENTE E ÚTIL NESTE MUNDO TENEBROSO. SUPLICO TODOS OS DIAS POR MAIS UM DIA PRA TER MAIS OPORTUNIDADES DE SER CONSERTADA E AJUDAR OUTROS A ENXERGAREM O CAMINHO DE CRISTO. AS TREVAS SÃO CADA VZ MAIS DENSAS.

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  3. Moacir Teles Maracci
    10/04/2011

    No portal “Vi o Mundo”, do jornalista Luiz Carlos Azenha há um texto excelente de Ana Flávia Ramos (www.viomundo.com.br) onde ela afirma que não adianta pedir tolerância e paz nas escolas enquanto a mídia faz outra coisa. Sou professor de crianças com a idade das vítimas da escola de Realengo e como educador fico pasmo diante do poder midiático comandado por interesses elitistas capaz de destruir a estatura humana, que oprime gerações inteiras. Sinto-me impotente e só mesmo com a ajuda de Deus eu consigo sentir uma realização quando ex-alunos meus hoje são homens e mulheres de bem, independente da fé que professam, cresceram espiritual e socialmente. Mas eu queria mais: é como se o Wellington tivesse passado por mim e o meu trabalho de educador de nada servisse. Muitas “pistas” levantadas por “especialistas” sempre apressados em dar respostas prontas no afã de frustrar qualquer reflexão mais séria (e necessária) não dão conta do essencial, pois falar de bullying no ambiente escolar não esclarece muita coisa. Seria muita presunção de minha parte imaginar uma escola onde as mazelas sociais de seu entorno não “invadisse” seu pátio. E a sociedade brasileira é cheia de “bullyngs” desde o período colonial escravista. Nossas elites simplesmente odeiam o ser humano tais como os saduceus da época do ministério de Jesus, jamais querem se aproximar das pessoas simples e muito menos dos seus problemas pessoais ou sociais. Nesse sentido Wellington é uma vítima do soberano desprezo que se dedica ao ser humano. Pouco esclarece as “pistas” sobre seus “traumas do passado”, pois Wellington é um ser social e como tal desprezado. O mais cruel é que ele não é o primeiro e nem de longe será o último pois o processo que coisifica o homem num sem fim de doutrinas ou práticas pseudocristãs que o oprime (e isso porque não vou citar o tal do dízimo) e/ou de regras ou práticas sociais que o transforma em escravo do relógio, da máquina, do ponto, dos compromissos frios e burocráticos em uma sociedade que o ignora, já que perdeu há muito tempo a noção de cordialidade, fazendo com que o homem moderno não tenha mais lapsos de tempo e espaço para simplesmente ser…homem. As instituições a que se chamam igrejas obedecem piamente a essa lógica, pois para elas o homem é apenas um item na sua contagem de contigentes de dizimistas e frequentadores, não sendo nem de longe a igreja tal como Jesus a concebeu, capaz de enfrentar as mazelas e aflições ao redor e restituir ao indivíduo homem a estatura de ser humano, o mesmo ser humano que Jesus quis ser e foi (o mais sublime dos seres humanos). Acontecimentos como o de Wellington tem muito mesmo a ver com a postura de indiferença de várias instituições a que se autodenominam igrejas, a mesma indiferença adotada pelas elites socioeconômicas satisfeitas de suas vidas. Wellington foi mais uma ovelha sem pastor. Infelizmente não será o último. Acredito numa cristandade capaz de reverter essa apavorante tendência, desde que a minha cristandade signifique uma missão a cumprir em prol da promoção da dignidade humana desde o berço. Quando isso de fato acontecer, pode-se pensar que não teremos mais casos como o de Wellingon. Graça e Paz, irmã Vera e irmão Paulo.

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  4. Daniela Schlabitz
    10/05/2011

    Querida, e puro egoismo que levou a apostasia…
    pois o verdadeiro evangelho e cuidar dos orfaos, viuvas e necessitados.
    Ja perdi a conta dos anos q a “igreja” apenas diverte as criancas … mas o isla:
    sempre treinou seus soldados desde de a tenra infancia… quem estara preparado?
    Quem testemunhara com conviccao QUEM e Jesus e sabera exatamente de onde veio e porque esta aqui, nossos pre-adolescentes possuem senso de direcao espiritual?

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  5. Edimar
    17/05/2011

    Quando aparecem pessoas que se apresentam em conformidade com os pricípios do Evangelho,(amar o próximo como a si mesmo) temos com exemplo a irmã Dulce, Tereza de Cacutá e outros; mas que pertencem uma denominação diferente, são desprezados, criticados, desconsiderados, menospresados,(puro egoísmo). Estes belos exemplo de vidas, deixaram várias Instituições que está espalhado pelo Mundo, que atendem gratuitamente por profissionais voluntários.
    Irmã Duce certa vez disse: “Todos aqueles que procurarem recurso e encontram as portas fechadas, venham que a minha porta estará aberta, para qualquer pessoas, raça, religião etc.
    Irmã Dulce, o primeiro Hospital fundado por ela foi num galinheiro, onde hospedava os doentes.

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Publicado às 10/04/2011 por em Ser estrangeira e marcado , , , , , .