"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18
Para entender essa história, assista ao vídeo a seguir (apenas 3:38 minutos):
Cabo de Santo Agostinho é uma cidade pobre da região metropolitana de Pernambuco. Possui cerca de 95 mil habitantes, segundo censo de 2010, e é um conhecido ponto turístico por conta de suas praias. Segundo o Portal da Transparência, sofre com a inadimplência no pagamento de impostos, tendo arrecadado cerca de 400 milhões de reais, quando o previsto seria 700 milhões. Tem como valor fixado de despesas cerca de 680 milhões, sendo que 340 milhões foram liquidados.
Enfim, as coisas não estão muito fáceis para a prefeitura de Cabo de Santo Agostinho, assim como ocorre com todo o Brasil. Os munícipes não estão conseguindo pagar os impostos por conta da recessão/inflação que atinge nosso país, e assim a arrecadação da cidade diminui, sendo necessário “apertar o cinto”.
Segundo o Jornal de Caruaru,
“A cidade de Cabo de Santo Agostinho, no litoral sul de Pernambuco, é bastante pobre e, como todo o país, atravessa um momento delicado financeiramente, com anúncios de medidas de contenção de gastos, corte no salário dos funcionários comissionados e outras ações.
De acordo com informações do Diário Oficial dos Municípios do Estado de Pernambuco, a negociação entre André Valadão e a prefeitura da cidade foi intermediada pela produtora Amando Vidas, sediada em Londrina (PR) e que deverá ficar com parte do valor acertado em contrato.”
O Diário de Pernambuco ressalta que “o Ministério Público de Pernambuco está investigando a contratação do cantor gospel André Valadão por R$ 200 mil para fazer um show no município do Cabo de Santo Agostinho, pago pela Prefeitura. O MPPE já recomendou a suspensão do pagamento. O prefeito da cidade, José Ivaldo Gomes, alega que o show está dentro da legalidade e que foi acertado há seis meses. O show deve acontecer neste sábado. Confira a polêmica na reportagem da TV Clube.”
O artista gospel (?) André Valadão, “tocado” por toda a repercussão que o caso teve, deu seu depoimento (agradecimentos ao Danilo Fernandes, que o postou no Facebook):
Conhecidos os dois lados da história, vamos refletir…
Duzentos mil é uma quantia razoável, até para a gravação de um mega DVD. No site Gravação ao Vivo consta que um DVD top, feito por uma empresa igualmente top, sai por volta de 100 mil.
Mas tudo bem, o Valadão quer uma super excelência, afinal o trabalho é para levar vidas a conhecerem a Jesus. Assim, compreende-se que tal gravação não seja uma vaidade de cantor, mas um chamado de Deus. Se é um chamado de Deus, por que Ele não proveu o valor? Ou por que o próprio cantor não arcou, do seu bolso (próspero, por sinal!) a gravação do DVD?
Por que Deus aprovaria tirar dinheiro de uma cidade pobre, dinheiro esse que poderia ser investido em educação, saúde, segurança, moradia, ainda mais quando se tem uma situação de dificuldade de arrecadação?
Gosto de lembrar do exemplo do cantor cristão (não era artista gospel) Keith Green que, com sua esposa Melody, hipotecou sua casa para a gravação de um álbum.
Uma vez gravado o DVD do Valadão, ele será doado gratuitamente para os fiéis que não puderem pagar.
Não?
Ah! Sua renda será direcionada para a melhoria da saúde e educação do município de Cabo de Santo Agostinho.
Não também?
O DVD de André Valadão será vendido normalmente para quem puder comprar, e sua renda dividida entre o artista e os empresários (e talvez uma pequena parte seja direcionada para alguma instituição de caridade para tornar a consciência de todos mais leve).
Lembrando novamente de Keith Green, veja o que ele fazia:
“Em 1979, depois de negociar o encerramento de seu contrato com a produtora Sparrow, Green sentiu-se direcionado por Deus a não mais cobrar dinheiro por suas apresentações e seus discos e lançou a política do “pague o que puder”. Keith e Melody hipotecaram sua casa para financiar pessoalmente o próximo álbum, “So You Wanna Go Back To Egypt”, que incluiu uma participação especial do cantor Bob Dylan, que na época vivia sua fase cristã. O disco foi oferecido através do correio e nos shows pelo valor que cada a pessoa decidisse pagar, se quisesse pagar. Em Maio de 1982, Green tinha enviado mais de 200.000 unidades de seu álbum via correio. Desses, por 61.000 ele não recebeu nada, foram todos gratuitos. Posteriormente da mesma forma os álbuns “Keith Green Collection” (1981) e “Songs For The Shepherd” (1982). Quando sua música foi enviado para as livrarias evangélicas, um segundo foi incluído de forma gratuita para todos os cassetes comprados, para serem dados de presente a um amigo para ajudar a difundir o evangelho. Ou seja, o lucro era zero.”
Alguma dúvida sobre o que é uma conduta verdadeiramente cristã, de quem realmente se importa em levar a Palavra de Deus através da música, e não apenas encher seu ego gospel e seus bolsos?
Só por curiosidade, verificamos que Cabo de Santo Agostinho paga cerca de R$ 1.350,00 para professor em início de carreira com carga de 30 horas semanais. Assim, grosso modo, com duzentos mil daria para o município pagar, por 1 ano, o salário de 12 professores.
Mas o prefeito “ungido” prefere gastar com um $how de umas 2 horas de duração.
Há muito que os termos “ética” e “evangélico” têm se distanciado. Há poucos meses vimos um (im)pastor feliz e contente em seu programa de tv, já que, por meio de conchavos político-religiosos, conseguiu a anistia de uma multa de 1,5 milhão da Receita Federal e, a partir de então, ele e qualquer líder religioso poderá receber seus proventos sem ter que recolher Imposto de Renda. Tornaram-se cidadãos de uma casta superior já que nós, meros trabalhadores, continuaremos a pagar Imposto de Renda e todos os demais. Não só nós, Jesus também pagava seus impostos.
Mais recentemente, vemos líderes evangélicos conversando com políticos do Senado para que os religiosos adquiram direito a uma “aposentadoria especial“, enquanto o resto da população, que se mata de estudar e trabalhar, precisa se contentar com o teto do INSS ou, quando muito, pagar por fora uma previdência privada.
Enfim, “evangélico” se tornou sinônimo de “busca por benefícios próprios e/ou para sua comunidade”. Afinal, o amor de muitos já se esfriou faz tempo.
Muito triste ver o nome de Deus sendo envergonhado diariamente por meio desses que se dizem seus seguidores, mas que O usam na busca do seu próprio bem.
Que Deus abra os olhos do Seu povo.
Voltemos ao Evangelho puro e simples,
O $how tem que parar!
Esses políticos sempre fazem acordos com cantores para arrancarem dinheiro dos municípios pelo Brasil afora.
Para eles o que importa é o dinheiro.
O que é triste é uma pessoa que usa o evangelho para se misturar com porcos sujos.
A gente critica mas não sabemos o grau de espiritualidade desses cantores ditos “gospel”.
Eles dizem que fazem a obra de Deus, mas sem igreja definida,e normalmente usam o dinheiro para o seu sustento.
Em verdade são cantores comuns tipo do mundo mesmo, não há diferença alguma.
Normalmente não sabemos qual é a sua igreja, se frequenta assiduamente a mesma, se é dizimista, enfim, se tem compromisso com a sua igreja.
Mas nem o fato de ele ser dizimista vai salvá-lo.
A verdade é que são raríssimos os cantores que são membros de alguma igreja.
O que ocorrer é eles saírem cantando mas não possuem uma identidade cristã revelada.
Vejo que pior é aquele que está perdido dentro do evangelho. É pior do que ser ateu, pois este ainda poder enxergar, mas aquele não está enxergando e vai ser mais difícil enxergar, pois assim não o quer.
Vejo como analfabetos bíblicos, pois quando leem não enxergam e quando escutam não é com eles.
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É vergonhoso , esses tais nem deveriam ser chamados de evangélicos , no máximo deveríamos chamá-los de gospels … isso lhes soa muito bem , afinal essa palavra gospel está muito mais ligada as trevas do que ao evangelho . O sangue de Jesus tem poder para nos livrar .
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