"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18
Se existe uma lei polêmica, essa é a Lei Rouanet. Essa Lei de Incentivo à Cultura recebeu o nome de seu criador e foi sancionada em 1991 pelo então Presidente Fernando Collor, possibilitando que pessoas físicas e jurídicas possam direcionar parte do que devem de Imposto de Renda para o patrocínio de ações culturais. Esperava-se, assim, um maior incentivo às atividades culturais de menor expressão, porém logo se viu o patrocínio de grandes shows e espetáculos de artistas já consagrados.
Por conta disso, muitos passaram a hostilizar tal lei, inclusive em campanhas eleitorais. Em abril deste ano, o atual Presidente Jair Messias Bolsonaro disse: “Essa desgraça dessa Lei Rouanet começou muito bem intencionada, depois virou aquela festa que todo mundo sabe, cooptando a classe artística, pessoas famosas para apoiar o governo. Quantas vezes vocês viram figurões, não vou falar o nome, não, figurões defendendo ‘Lula livre’, ‘viva Che Guevara’, o ‘socialismo é o que interessa’ em troca da Lei Rouanet. Artistas recebiam até R$ 60 milhões.” (fonte: Exame) Porém, estranhamente tivemos uma reviravolta nos últimos dias, onde a lei “desgraçada” poderá se tornar uma lei “santa”.
O deputado Vavá Martins (Republicanos PA), que é ligado (ou seja, eleito pela) à Igreja Universal do Reino de Deus propôs um projeto no qual a Lei Rouanet passará a fomentar qualquer tipo de música religiosa e de eventos promovidos por igrejas. Assim, caso seja aprovado na Câmara e no Senado (para que serve a Cambada, digo, Bancada Evangélica mesmo?), tal projeto possibilitará a utilização de dinheiro dos meus e dos seus impostos em shows gospel, Marchas para Jesus, Expo Cristãs, Festas das Nações (porque igreja evangélica não faz Festa Junina pois é blasfêmia), filmes com biografias não tão reais de líderes evangélicos, Congressos Coaching Gospel e por aí vai.
Porém, vamos lembrar: as igrejas NÃO PAGAM IMPOSTOS. E sequer declaram corretamente o que recebem através de dízimos e ofertas em dinheiro. Mas poderão usufruir do dinheiro dos impostos de quem nem professa a mesma fé.
O engraçado é que os mesmos evangélicos (pastores e fiéis) que se escandalizavam com a Cláudia Leite usando a Lei Rouanet para financiar seus shows passarão a dar “graças a deus” por poderem usar a mesma lei para patrocinar seus shows e eventos particulares (pois direcionados aos da mesma fé).
Pois é. É para isso, para trabalhar em benefício próprio que os pastores “indicam” os candidatos em quem seus fiéis devem votar. A Cambada Evangélica (assim mesmo, desta vez não está errado) é uma grande vergonha para o Evangelho de Jesus Cristo, pois não passam de uma raça de víboras prontas para dar o bote no Erário e ainda blasfemando do Santo Santo Santo Deus.
Em meio a tantos escândalos e picuinhas e memes deste atual governo, o tal projeto será facilmente aprovado e ninguém nem se dará conta. Apenas os (im)pastores, que a essa hora já estão com as barbas de molho esperando ocasião para abocanhar sua parte do meu e do seu suado dinheiro. Se falta dinheiro para atividades culturais, para escolas, para hospitais, para moradia etc, isso não é um problema desses (im)pastores. Que se vá reclamar com o Papa.
Lembremo-nos que a missão da Igreja não é fazer sucesso, eleger políticos e ter dinheiro, mas espalhar a mensagem de Cristo através do exemplo e testemunho, sendo instrumento de transformação da realidade à sua volta.
Não é possível ser Igreja e não ser Ético. E ser ético é saber discernir que nem tudo o que é legal é correto. Assim, mesmo que a Cambada Evangélica e os políticos que querem também atrair os votos dos evangélicos decidam abrir os recursos da Lei Rouanet às igrejas, ainda assim elas não devem se apropriar deles.
Nojo. É o que esse projeto de lei me causa.
Voltemos ao Evangelho puro e simples,
O $how tem que parar!
A DEUS toda a honra e toda a glória para sempre.
Um Estado de direito deveria buscar o bem de todos os cidadãos e o equilíbrio social. Não há justiça no país onde cada facção política legisla em causa própria e “acordos” permitem que uns se beneficiem mais que os outros. Normalmente quem já nem precisa. Como no caso, as igrejas evangélicas! Deus nos acuda, que “os homens” já nos desertaram à décadas!
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