Unção do Cai-Cai ou toque de Charcot?

O irmão Josef me enviou essa semana o vídeo abaixo:

Levando-se em consideração que o professor de hipnose do vídeo deve ser ateu, e por isso não crê na existência de demônios (sim, infelizmente pessoas podem ser possuídas), mesmo assim essa aula de hipnose é bastante esclarecedora sobre certas manifestações em certas igrejas.

Nunca tinha ouvido falar no toque de Charcot, mas sabia haver um conteúdo de manipulação humana e/ou de influência demoníaca em certas manifestações gospel. Lembro-me que observava fenômenos muito semelhantes a alguns que acontecem nas igrejas quando era espírita, e apesar de convertida numa denominação pentecostal, sempre fui bem prudente quanto a essas manifestações. Talvez por conta dessa prudência nunca “cai” pela unção, exceto uma vez em que, além de empurrarem minha cabeça, recebi uma rasteira gospel. Mas me levantei rapidamente, enquanto alguns ficaram imóveis ou estremecendo no chão, levados por espíritos estranhos ou por transe hipnótico.

Sim, eu creio que o Espírito Santo pode demonstrar seu poder através das pessoas. Mas creio que isso ocorra de forma bíblica, com ordem e decência. Não consigo enxergar o Espírito de Deus agindo como um animador de auditório, ou pior ainda, expondo uma pessoa à beira do ridículo, fazendo-a girar ou mover braços e pernas sem nenhum sentido, apenas o do espetáculo. O Espírito Santo é alguém muito sério para fazer algo que não traz edificação para a Igreja.

Faz muito tempo, escrevi um artigo intitulado Espiritismo Gospel, que penso que deve ser relido. De lá para cá, o que mudou em nossas igrejas?

Esse assunto é muito grave. Se a pura e simples mensagem de Cristo não parece suficiente para levar as pessoas para as igrejas, abre-se espaço para esse tipo de manifestação espetacular e outras (doutrinas de prosperidade, auto-sugestão para curas e milagres, confissão positiva, etc).

Quando deixamos que a igreja seja palco para esse tipo de coisa, que repito, não traz edificação nenhuma, perde-se o espaço daquilo que edifica realmente, que é a pregação da Palavra. Sem a Palavra, sem seu conhecimento, ficamos escravos dos ritos e de quem os domina e lidera. Além disso, a aceitação das manifestações estranhas faz com que, perante os do mundo, percamos totalmente o referencial de santidade e equilíbrio. Vejam como o professor de hipnose se refere aos evangélicos, com base no que assistiu em certa denominação dona de rede de tv. Pergunto: com base nas manifestações “espetaculosas” dessa denominação, não ficou muito mais difícil desse professor um dia querer conhecer ao verdadeiro Cristo? Quantos não estamos afastando do Evangelho, por conta da aceitação de fogo estranho?

Jesus já dizia aos religiosos de Seu tempo: conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará. Que a Igreja de Cristo conheça a Verdade, e se liberte dos jugos do misticismo e da ignorância, que são a base para toda a sorte de males doutrinários.